Apenas um mês atrás, me casei com Richard — o homem mais bondoso, atencioso e confiável que já conheci. Mas o caminho até esse dia feliz foi cheio de emoções inesperadas.
Desde criança eu sonhava com o momento de caminhar até o altar usando um vestido lindo, sentindo-me não apenas bonita, mas verdadeiramente feliz. Algumas semanas antes da cerimônia, fui a uma loja de vestidos de noiva com a minha mãe e minha irmã mais nova, Jane.
Quando experimentei o terceiro vestido, eu soube que era aquele. Um tom suave de marfim, mangas rendadas, um leve brilho que aparecia a cada movimento… Até a consultora sorriu sem conter a emoção. Virei para a minha mãe e para Jane, esperando ouvir o que achavam.
— Lizzy, você está linda! — exclamou Jane. — O Richard vai ficar encantado.
Mas minha mãe parecia tensa.
— É um pouco chamativo demais. Talvez você devesse escolher algo mais discreto? Você não deveria ofuscar a Jane. Ela ainda está procurando a outra metade dela…
Fiquei surpresa:
— Mas é o meu casamento…
Minha mãe me olhou com doçura:
— Só quero que vocês duas se sintam confortáveis. Eu sei como a Jane fica nervosa quando toda a atenção está em você.
O silêncio foi quebrado pela voz da Jane:
— Mãe, está tudo bem. É o dia da Lizzy. E ela deve usar o vestido que ama.
Por dentro eu estava dividida — de um lado o desejo de manter a harmonia, de outro a necessidade de ser eu mesma. No fim, escolhi o meu vestido. Esperava que tudo acabasse bem.
No dia do casamento, minha mãe voltou a comentar sobre como se sentia em relação ao meu vestido, mas decidi, com calma e firmeza, defender minha escolha. Nos abraçamos e fui me arrumar para a cerimônia.
Mas as surpresas não acabaram ali. Meia hora antes do início, a Jane entrou no quarto usando um vestido branco elegante. Quase parecia um vestido de noiva. Atrás dela vinha a minha mãe, toda animada:
— Não está linda?
Sorri, embora por dentro sentisse uma pontada de apreensão. Mas prometi a mim mesma: este dia seria feliz. Para todos nós.
Quando caminhei até o altar e vi o Richard me olhando com tanto amor, entendi — nada mais importava. Era o nosso dia. E seria do jeito que nós fizéssemos.
Depois, na recepção, a Jane inesperadamente pegou o microfone.
— Lizzy — começou, com a voz tremendo. — Quero te agradecer. Você sempre esteve ao meu lado, mesmo quando teve que dividir a atenção. Hoje a mamãe me pediu para usar este vestido, para eu me sentir mais confiante… Mas eu entendi que não devo competir com você. Você merece todo o brilho deste dia.
Ela ainda disse:
— Eu trouxe outro vestido. Vou me trocar agora.
Quando voltou, usando um vestido azul-marinho elegante, todos aplaudiram. Eu a abracei forte, sentindo que velhas mágoas desapareciam entre nós.
Minha mãe se aproximou depois.
— Eu achava que estava apoiando a Jane… mas talvez eu não visse como isso te afetava — disse, segurando nossas mãos. — Desculpa. Quero ser melhor para vocês duas.
Não discutimos. Só ouvimos. E havia algo muito caloroso e verdadeiro naquele momento.
Na varanda, vi um dos convidados ir até a Jane e elogiar sua coragem. E ela, pela primeira vez em muito tempo, sorriu — de forma sincera e confiante.
Às vezes, as mudanças chegam de surpresa. Às vezes, é justamente o casamento que se torna o momento em que a família dá um passo para um novo nível de compreensão.
E eu entendi mais uma coisa: ser você mesma não é egoísmo. É um ato de amor. E quando você constrói uma nova família, tem o direito de escolher a luz na qual quer viver. Sem pedir desculpas por isso.
