A mãe do meu noivo decidiu imediatamente que eu não era a pessoa certa para o filho dela — e isso ficou claro desde o primeiro olhar.
Eu não vinha de uma família rica, não usava roupas caras e não fazia parte daquele grupo de garotas que ela sempre imaginou para o Ryan. Mas não sou do tipo que desiste facilmente, então em vez de confrontá-la, decidi oferecer algo que ela não poderia recusar.
Quando Linda me conheceu pela primeira vez, olhou para mim como se eu fosse um estorvo em sua casa perfeita.
Tinha duas opções: recuar em silêncio e aceitar a rejeição… ou tomar a iniciativa e mostrar que eu não ia desistir.
Obviamente, escolhi a segunda opção.
“Prazer em finalmente conhecê-la” — disse Linda, me analisando dos pés à cabeça. “O Ryan falou algumas coisas sobre você.”
A pausa que ela fez dizia tudo. Eu não era ingênua — sabia exatamente o que ela estava pensando.
Mas fiz tudo certo: levei os quadradinhos de limão favoritos dela (por sugestão do Ryan), elogiei a casa e sorri nas fotos da família — mesmo sabendo que eu nunca fora esperada naquele ambiente.
“Vocês têm uma família maravilhosa”, disse eu, tentando suavizar o clima.
“Somos bastante criteriosos quanto a isso”, respondeu friamente, com um sorriso forçado.
Linda via o Ryan como sua maior conquista: um homem bem-sucedido, bonito, independente, com um carro elegante e seu próprio apartamento. Aos olhos dela, eu era apenas a Jenna — uma professora de uma família sem dinheiro ou conexões prestigiadas.
Para ela, o Ryan merecia alguém melhor.
“Você acha que sua mãe algum dia vai me aceitar?” — perguntei ao Ryan depois de mais um jantar de família tenso.
Ele me abraçou e encostou a testa na minha.
“Ela vai entender. Só precisa de tempo.”
Mas seis meses se passaram e nada mudou. Linda continuava fazendo comentários maldosos, e eu me sentia cada vez mais excluída.
Quando não me convidaram para mais um encontro de família, percebi que precisava fazer algo diferente.
Na manhã seguinte, enquanto mexia o café, tomei uma decisão.
Ryan notou algo.
“Você está tramando alguma coisa?” — perguntou, sorrindo.
“Só estou pensando”, respondi.
“Pensando no quê?”
“Na sua mãe”, disse com firmeza.
“Acho que precisamos conversar de mulher para mulher.”
Ryan ficou surpreso.
“Tem certeza de que é uma boa ideia?”
Assenti.
“Ou a gente conversa, ou vou continuar fingindo por anos que as palavras dela não me machucam.”
Naquele mesmo dia, mandei uma mensagem para Linda:
“Oi, Linda, aqui é a Jenna. Podemos conversar?”
Algumas horas depois, ela respondeu: “Tudo bem. Venha às seis.”
Cheguei alguns minutos antes, levando os biscoitos favoritos dela.
Ela mal os olhou, me levou até a cozinha e disse que podíamos começar.
“Vamos direto ao ponto”, disse eu. “O Ryan me pediu em casamento e eu aceitei.”
O rosto dela ficou tenso, os dedos apertaram a xícara.
“Ele te pediu em casamento?” — perguntou, surpresa.
“Não, ainda não disse em voz alta”, admiti. “Ele está com medo da sua reação.”
Linda suspirou.
“Por que eu ficaria feliz? Você é uma boa moça, Jenna, mas o Ryan pode encontrar alguém melhor — alguém que combine mais com a vida dele.”
Mesmo esperando por isso, aquelas palavras ainda doeram.
Respirei fundo e me inclinei para a frente.
“É por isso que estou aqui. Me dê uma chance”, pedi. “Pare com os comentários maldosos e tente me conhecer de verdade. Passe um tempo comigo — nos feriados, nos jantares. E se, depois disso tudo, você ainda achar que não sou a pessoa certa para o Ryan, eu vou aceitar sua opinião sem discutir. Combinado?”
Ela pensou por um momento e, por fim, assentiu.
“O que eu ganho com isso?”
“Paz”, respondi. “Ou você vai dizer ‘Eu te avisei’, ou vai parar de se preocupar que seu filho está cometendo um erro.”
Ela deu uma risadinha e, pela primeira vez, pareceu relaxar.
“Você é bem direta”, admitiu.
“Gosto de economizar tempo”, respondi.
E assim chegamos a um acordo. A partir daquele momento, nosso relacionamento começou a melhorar. Linda passou a pegar menos no meu pé, e começamos a passar mais tempo juntas.
Um dia, quando fui jantar na casa dela, a vi lutando com um molho na cozinha.
“Quer ajuda?” — perguntei.
Surpresa e um pouco sem graça, ela aceitou.
Enquanto cozinhávamos, Linda começou a se abrir comigo, contando sobre seus sonhos, infância e coisas que nunca tinha dividido com ninguém.
“Sempre quis ser designer de interiores”, confessou mais tarde, enquanto lavava os pratos.
“E por que não?” — respondi, incentivando-a. “Você tem talento, sua casa é a prova disso.”
Dois meses depois, quando o Ryan me ligou em pânico porque o pai teve um infarto, fui eu quem ficou ao lado da mãe dele, apoiando-a enquanto ele resolvia outras questões.
Quando Ryan chegou e nos viu abraçadas, ele percebeu que todo o esforço valeu a pena.
Com o tempo, Linda reconheceu que estava errada. Nos tornamos inseparáveis, e meu relacionamento com o Ryan só se fortaleceu.
No fim, tudo aconteceu como eu esperava: Linda e eu encontramos um meio-termo — e nos tornamos uma verdadeira família.