Anna trabalhava na casa dos Niewiera havia muitos anos. Naquele dia, os donos tinham saído, e ela, tendo terminado todas as tarefas domésticas, decidiu descansar um pouco junto à janela. De repente, sua atenção foi atraída por um menino que caminhava ao longo da cerca. Ele era magro, com roupas rasgadas e parecia muito cansado.
— Ele deve estar com fome — pensou Anna, com pena da pobre criança. Ela olhou para o relógio, percebendo que os donos não voltariam tão cedo, e saiu para o quintal.
— Oi, como você se chama? — perguntou gentilmente, aproximando-se do menino, que olhava atentamente para a rua.
— Mariusz — respondeu ele, olhando-a com desconfiança.
— Venha comigo — propôs Anna. — Vou te oferecer uma torta de maçã — e o menino, sem hesitar, a seguiu. Estava com muita fome e não comia nada o dia todo.
Na cozinha, Anna cortou um grande pedaço de torta e colocou o prato diante do menino.
— Que delícia! — exclamou Mariusz, mordendo um pedaço de torta. — Minha mãe também fazia assim!
— E onde está sua mãe? — perguntou Anna com cautela. O menino parou, deixou de comer e baixou o olhar.
— Estou procurando por ela há muito tempo… Ela desapareceu — disse em voz baixa.
— Coma, coma — disse Anna docemente. — Com certeza você a encontrará.
Nesse momento, a porta se abriu — os donos tinham voltado. Anna estremeceu ao ouvir os passos.
— E quem é esse? — perguntou surpreso Sergiusz, olhando para a cozinha. Seus olhos se arregalaram ao ver o menino.
— Quem você trouxe, Anna? — perguntou severamente.
— É uma criança que está procurando a mãe, está com fome, então resolvi alimentá-lo — respondeu calmamente, dando de ombros.
— Então agora você ajuda qualquer um que aparece na rua? E nós não importamos mais? — indignou-se Sergiusz.
Mariusz começou a chorar ao ouvir essas palavras.
— Já vou embora — disse, colocando de lado o pedaço de torta ainda pela metade.
Ewa interveio:
— Espere, menino — disse docemente. — Onde você perdeu sua mãe?
Ewa sempre foi mais bondosa que o marido, e embora Sergiusz frequentemente a repreendesse por sua excessiva ternura, não conseguia mudar sua natureza.
— Moro com meu avô, mas ele é mau. Vive me xingando — admitiu Mariusz, tirando uma velha fotografia do bolso. — Estes são meus pais, morávamos juntos antigamente — disse, entregando a foto aos donos da casa.
Ewa pegou a foto e congelou, reconhecendo sua filha, Maria.
— Sergiusz, é a nossa filha! — exclamou com voz trêmula, entregando a foto ao marido.
Sergiusz pegou a foto, incrédulo.
— Mariusz, onde conseguiu esta foto? — perguntou surpreso.
— Encontrei na casa do meu avô. Tinha um endereço atrás, então vim até aqui. Achei que talvez minha mãe morasse aqui — respondeu o menino, um pouco mais calmo. — O vovô dizia que minha mãe me abandonou, mas eu não acredito nele!
— Impossível! — repetia Ewa, lembrando-se de quando sua filha, Maria, fugiu com um homem chamado Paweł. Durante anos, não tiveram notícias dela, até que ela retornou… e pouco depois morreu em um acidente de carro, a caminho de casa. Aquele dia se tornou um verdadeiro pesadelo para eles, e desde então estavam sozinhos.
— E onde está seu pai? — perguntou Sergiusz.
— Meu pai morreu há seis meses — respondeu Mariusz, chorando novamente.
O casal ficou abalado. Tinham encontrado o neto! Cansados da solidão, decidiram ficar com o menino.
— Sabe, querido, vamos te levar ao seu quarto — disse Ewa.
— E a mamãe vai vir? — perguntou Mariusz.
— Sua mamãe agora está com o papai — respondeu ela tristemente.
Mariusz empalideceu.
Algum tempo depois, o casal providenciou os documentos para adoção. O avô não se opôs ao saber que o menino seria acolhido por pessoas ricas.
Anna estava feliz. Graças àquele dia em que encontrou o menino, os donos da casa recuperaram a felicidade. Com o tempo, Mariusz deixou de ser um órfão pobre. Tornou-se um menino bem vestido, com boas maneiras e uma família amorosa.