Um jovem me convidou para um encontro com um pedido incomum: que eu levasse protetores para os sapatos e lenços de papel.

interessante

 

Conhecia o Alex desde os tempos da escola. Sempre se destacava – calmo, confiante, inteligente. Naquela época, não éramos muito próximos, mas tínhamos um contato cordial. Depois de terminar os estudos, ele foi morar no exterior, onde se formou e começou a construir sua carreira. Não mantínhamos contato, mas de vez em quando ouvia minha tia comentar que a mãe dele morava perto dela. Assim, eu sabia que a vida de Alex seguia bem.

Nos reencontramos por acaso no meio da semana. Eu estava na rua resolvendo algumas coisas, quando alguém me chamou pelo nome. Virei-me – e lá estava o Alex. Não o reconheci de imediato: ele havia mudado muito ao longo dos anos. Estava mais maduro, mas o sorriso era o mesmo. Conversamos por um momento, como se o tempo não tivesse passado. Descobri que ele havia retornado à cidade natal para estar mais perto da família e iniciar uma nova fase da vida.

Alguns dias depois, ele ligou e propôs um encontro. Disse que passaria para me buscar de carro e – um tanto sem jeito – pediu que eu levasse lenços umedecidos e protetores para os sapatos. Explicou que depois me contaria o motivo. Fiquei surpresa, mas aceitei. A curiosidade falou mais alto que a desconfiança.

 

Quando chegou, fui até o carro, mas Alex, educadamente, me pediu que limpasse os sapatos com os lenços e colocasse os protetores. Explicou com tranquilidade que é muito cuidadoso com a limpeza, especialmente no carro, e evita germes. Para ele, isso não era apenas um hábito, mas parte de sua abordagem pessoal em relação à saúde e à ordem.

Fomos até um parque, onde pretendíamos tomar algo numa cafeteria local. No caminho, Alex mostrou-se muito atencioso, perguntou sobre minha vida, relembrou os tempos de escola. Era um ótimo conversador – calmo, gentil, com senso de humor. Mas toda a situação com os itens de higiene me deixou um pouco desconfortável.

Ao chegarmos, novamente sugeriu que eu limpasse o banco e os tapetes antes de sair do carro. Alex contou que em casa segue um “protocolo” parecido: roupas e sapatos usados na rua são higienizados, tudo é limpo com cuidado. Até as sacolas do mercado ele limpa antes de guardar os alimentos.

 

Na cafeteria, tirou da bolsa um conjunto de utensílios descartáveis e disse que só comia com eles. Não por desconfiar do restaurante – simplesmente achava que assim diminuía os riscos. Notei que ele não tentava impor suas regras nem convencer ninguém. Era uma escolha pessoal, levada a sério.

Tentei ser simpática e compreensiva, mas em determinado momento percebi: apesar de todas as qualidades de Alex, seria difícil imaginar um relacionamento onde cada ação fosse precedida por desinfecção. Respeito suas convicções, mas me identifico mais com uma vida leve e espontânea.

Quando nos despedimos, agradeci pelo encontro e fui embora com um certo pesar. Alex é um homem realmente bom – responsável, inteligente, confiável. Mas talvez, por seu desejo de controle e proteção contra o mundo externo, seja difícil para ele se abrir verdadeiramente.

 

Entendi por que ele ainda não havia conseguido construir um relacionamento. E não há nada de errado nisso – cada um busca o que lhe traz conforto. Uns encontram isso na limpeza, outros, na leveza do espírito.

Aquela noite me lembrou o quanto é importante ser honesta consigo mesma e não ter medo de admitir: às vezes, mesmo pessoas boas não são as pessoas certas para nós.

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